DEFINIÇÃO DAS DROGAS SINTETICAS
Perturbadores
ou Alucinógenos sintéticos são substâncias fabricadas (sintetizadas) em
laboratório, não sendo, portanto, de origem natural, e que são capazes
de promover alucinações no ser humano. Vale a pena recordar um pouco o
significado de alucinação: "é uma percepção sem objeto".
Isto
significa que, mesmo sem ter um estímulo (objeto) a pessoa pode sentir
ver, ouvir. Como exemplo, se uma pessoa ouve uma sirene tocando e há
mesmo uma sirene perto, esta pessoa está normal; agora se ela ouve a
sirene e não existe nenhuma tocando, então a pessoa está alucinando ou
tendo uma alucinação auditiva. Da mesma maneira, sob a ação de uma droga
alucinógena ela pode ver um animal na sala (por exemplo, um elefante)
sem que, logicamente, exista o elefante; ou seja, a pessoa está tendo
uma alucinação visual.
LSD-25
O
LSD-25 (abreviação de dietilamina do ácido lisérgico) é, talvez, a mais
potente droga alucinógena existente. É utilizado habitualmente por via
oral, embora possa ser misturado ocasionalmente com tabaco e fumado.
Algumas microgramas (e micrograma é um milésimo de uma miligrama que,
por sua vez, é um milésimo de um grama) já são suficientes para produzir
alucinações no ser humano.
ÊXTASE
O
MDMA (MetilenoDioxoMetAnfetamina), conhecido popularmente como ÊXTASE
foi sintetizado e patenteado por Merck em 1914, inicialmente como
moderador de apetite. É uma droga de uso relativamente recente e
esporádico no Brasil. Além de seu efeito alucinógeno, caracterizado por
alterações na percepção do tempo, diminuição da sensação de medo,
ataques de pânico, psicoses e alucinações visuais, provoca efeitos
estimulantes como o aumento da freqüência cardíaca, da pressão arterial,
boca seca, náusea, sudorese e euforia.
Em
resumo o MDMA é a droga que, além de produzir alucinações, pode também
produzir um estado de excitação, o que é duplamente perigoso. Dado que
este produto é ainda pouco usado no nosso meio (e seus efeitos!
psíquicos não diferem muito dos do LSD) ele não mais será mencionado
nesta matéria.
EFEITOS NO CÉREBRO PRVOCADO POR ESTAS DROGAS
O
LSD-25 atua produzindo uma série de distorções no funcionamento do
cérebro, trazendo como conseqüência uma variada gama de alterações
psíquicas.
A
experiência subjetiva com o LSD-25 e outros alucinógenos depende da
personalidade do usuário, suas expectativas quanto ao uso da droga e o
ambiente onde ela é ingerida. Enquanto alguns indivíduos experimentam um
estado de excitação e atividade, outros tornam-se quietos e passivos.
Sentimentos de euforia e excitação ("boa viagem") alternam-se com
episódios de depressão, ilusões assustadoras e sensação de pânico ("má
viagem"; bode).
LSD-25
é capaz de produzir distorções na percepção do ambiente --- cores,
formas e contornos alterados, além de sinestesias, ou seja, estímulos
olfativos e táteis parecem visíveis e cores podem ser ouvidas.
Outro
aspecto que caracteriza a ação do LSD-25 no cérebro refere-se aos
delírios. Estes são o que chamamos: "juízos falsos da realidade", isto
é, há uma realidade, um fato qualquer, mas a pessoa delirante não é
capaz de avaliá-la corretamente. Os delírios causados pelo LSD costumam
ser de natureza persecutória ou de grandiosidade.
EFEITOS NO RESTO DO ORGANISMO
O
LSD-25 tem poucos efeitos no resto do corpo. Logo de início, 10 a 20
minutos após tomá-lo, o pulso pode ficar mais rápido, as pupilas podem
ficar dilatadas, além de ocorrer sudoração e a pessoa sentir-se com uma
certa excitação. Muito raramente tem sido descritos casos de convulsão.
Mesmo doses muitos grandes do LSD não chegam a intoxicar seriamente uma
pessoa, do ponto de vista físico.
EFEITOS TÓXICOS
O
perigo do LSD-25 não está tanto na sua toxicidade para o organismo mas
sim no fato de que, pela perturbação psíquica, há perda da habilidade de
perceber e avaliar situações comuns de perigo. Isto ocorre, por
exemplo, quando a pessoa com delírio de grandiosidade julga-se com
capacidades ou forças extraordinárias, sendo capaz de, por exemplo:
voar, atirando-se de janelas; com força mental suficiente para parar um
carro numa estrada, ficando na frente do mesmo; andar sobre as águas,
avançando mar a dentro.
Há
também descrições de casos de comportamento violento, gerado
principalmente por delírios persecutórios como, por exemplo: o drogado
atacar dois amigos (ou até pessoas estranhas) por julgar que ambos estão
tramando contra ele.
Ainda
no campo dos efeitos tóxicos, há também descrições de pessoas que após
tomarem o LSD-25 passaram a apresentar por longos períodos (o maior que
se conhece é de dois anos) de ansiedade muito grande, depressão ou mesmo
acessos psicóticos. O flashback é uma variante deste efeito a longo
prazo: semanas ou até meses após uma experiência com LSD, a pessoa
repentinamente passa a ter todos os sintomas psíquicos daquela
experiência anterior e isto sem ter tomado de novo a droga. O flashback é
geralmente uma vivência psíquica muito dolorosa pois a pessoa não
estava procurando ou esperando ter aqueles sintomas, e assim os mesmos
acabam por aparecer em momentos bastante impróprios, sem que ela saiba
porque, podendo até pensar que está ficando louca.
CURIOSIDADE SOBRE O LSD-25
O
efeito alucinógeno do LSD-25 foi descoberto em 1943 pelo cientista
suíço Hoffman, por acaso, ao aspirar pequeníssima quantidade de pó num
descuido de laboratório. Eis o que ele descreveu: "Os objetos e o
aspecto dos meus colegas de laboratório pareciam sofrer mudanças
ópticas. Não conseguindo me concentrar em meu trabalho, num estado de
sonambulismo, fui para casa, onde! uma vontade irresistível de me deitar
apoderou-se de mim. Fechei as cortinas do quarto e imediatamente caí em
um estado mental peculiar semelhante à embriaguez, mas caracterizado
por imaginação exagerada.
Com
os olhos fechados, figuras fantásticas de extraordinária plasticidade e
coloração surgiram diante de meus olhos". O seu relato detalhado das
experiências alucinatórias levou a uma intensa pesquisa desta classe de
substâncias, culminando, nas décadas de 50 e 60, no seu uso
psiquiátrico, embora com resultados pouco satisfatórios.
Este
texto foi elaborado pela equipe do Centro Brasileiro de Informações
sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID). Os textos originais estão
disponíveis no site http://www.cebrid.epm.br/.
um abraço,
Policial Hugo